Este texto mostra alguns dos resultados de uma pesquisa feita no Canadá sobre educação corporativa suportada por mobile learning. Esta é o quarto texto de uma sequência de quatro textos. Para ter acesso ao primeiro texto e entender o contexto em que está inserido este texto, bem como link direto para os outros textos, clique aqui.


Pelo que foi abordado até aqui, não é difícil concluir que quando um profissional bem qualificado chega ao mercado de trabalho já está habituado a lidar com educação híbrida (presencial + onlie) e a distância (online), pois teve várias oportunidades de lidar com as mesmas durante sua vida estudantil, seja no ensino médio, no college ou na universidade. Isto facilita a formação continuada do profissional, seja feita por conta própria, seja através de iniciativas da corporação ou instituição onde trabalha. Isso também diminui a níveis insignificantes o preconceito contra aquisição de competências através de cursos a distância.

No mercado corporativo, há uma demanda de constante capacitação profissional, unido às exigências inerentes ao trabalho: minimização do tempo de ausência do posto de trabalho por motivos relacionados a capacitação, maximização de resultados de capacitação, aumento de produtividade, entre outros. Para isso, métodos dos mais sofisticados passam a ser mais amplamente utilizados, como educação a distância ou híbrida suportada por dispositivos móveis, o mobile learning. Um estudo feito em 2012 pelo professor Mohamed Ally, PhD, da Universidade de Athabasca, mostra que 19% das corporações canadenses já usam mobile learning ha mais de 5 anos, e 24% iniciaram o uso a menos de um ano. Mostra, portanto, um mercado eclético, entre quem já tem experiência no uso de dispositivos móveis em capacitação corporativa, e quem está iniciando recentemente tal uso. Os dados apontam que 53% das corporações afirmam que o uso de dispositivos móveis em processos de capacitação corporativa são considerados eficazes ou muito eficazes, enquanto apenas 6% são considerados ineficazes.

O perfil do capacitando ajuda muito. Em geral são executivos, gerentes, empregados qualificados, especialmente dos setores de educação, saúde e finanças, segundo o estudo. Em geral, dispositivos móveis são usados como meio de comunicação complementar ou suplementar, para aumentar a produtividade e intensidade no acesso ao conteúdo de um curso e/ou à interação online existente entre os participantes. Desta forma, o aluno não precisa estar em ambiente com computador, numa sala, para dar prosseguimento aos cursos. Mas sim, poderá acessar pelo menos parte dos recursos e atividades de um curso usando um smartphone ou um tablet, aumentando as chances de encontrar o ambiente e momento adequado para tal.

Há no mercado um grande número de fornecedores de serviços de criação de cursos corporativos, além de muitos dos chamados “cursos de prateleira” (cursos prontos para serem aplicados mediante contratação de serviço ou aquisição de conteúdo). A personalização de cursos para o mercado corporativo é importante, pois os objetivos a serem alcançados com os cursos são muito específicos para cada organização. Na maioria das vezes, o curso é feito especificamente para atender demandas particulares de cada caso. Os recursos são mais simples e objetivos. Alguns cursos são bastante básicos em termos de recursos educacionais, sendo alguns baseados em meros arquivos PDF, enquanto outros baseados em conteúdo HTML5, com interface responsiva ao tamanho da tela do dispositivo usado para acessar o curso.

Conclusão

Como o texto mostra, podemos observar o quanto a educação híbrida e a distância estão inseridas em processos educacionais diversos no Canadá e como isso trás soluções para diversas necessidades sociais. Numa sociedade que globalmente está se transformando cada vez mais rápido, novos métodos e ferramentas educacionais são necessárias para que um país possa acompanhar este ritmo de evolução. O Canadá se mostra alinhado com este pensamento, preparando seus cidadãos, desde a juventude, a ter educação híbrida e a distância como sendo algo que faz parte do processo de educação de cada um.

É importante entendermos o que ocorre com sociedades em situação sócio-econômica mais abonada que a brasileira, não para simplesmente copiarmos suas soluções e políticas educacionais, mas para nos inspirarmos no que ocorre nestas sociedades em termos de educação afim de tirarmos o melhor proveito das suas experiências. Desta forma, podemos catalizar o processo de implantação de experiências positivas, evitando as negativas, em nossa sociedade.

Não faz mais sentido dissociar ou comparar educação a distância com educação tradicional, pois em uma sociedade cada vez mais conectada, as ferramentas de educação a distância têm que fazer parte da educação presencial, sendo eventualmente definida como educação híbrida, ou qualquer outra denominação desejada. Não perseguir o domínio e uso destas ferramentas e métodos educacionais baseados em tecnologia, Internet e, principalmente, dispositivos móveis, será penalizado por perda de qualidade e produtividade do processo de ensino-aprendizagem, de modo a comprometer a capacidade de aquisição de novos conhecimentos pelo aprendiz no restante de sua vida.

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O texto original de Giovanni Farias pode ser encontrado no capítulo Educação Híbrida e a Distância no Canadá, do livro Tecnologias Interativas – Mídia e Conhecimento na Educação, Paco Editorial, 2016, ISBN 987-85-462-0256-0.

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