O número de alunos matriculados na educação superior da rede privada caiu pela primeira vez em 25 anos no Brasil, de acordo com o Censo da Educação Superior 2016. Foi uma pequena redução (0,2% em relação ao ano anterior) mas muito representativa para o setor que acolhe 3/4 dos graduandos brasileiros. Ao mesmo tempo, houve um aumento significativo dos alunos de graduação de cursos online, uma elevação de 21,4% em relação ao ano anterior.

A crise econômica e a consequente redução do FIES foram apontados como os principais responsáveis por esta redução de alunos presenciais na educação superior, o que também é dada como justificativa a elevação de alunos de cursos online (vide matéria).

Este aumento de demanda por cursos superiores a distância pode ser encarado como uma oportunidade e como um problema. A oportunidade se mostra no caso de havendo uma migração de alunos da graduação presencial para a distância, acabar havendo uma superação do preconceito presente na sociedade sobre este paradgima educacional. Mas isso só ocorrerá se os migrantes perceberem equivalência entre a qualidade do curso presencial e do curso a distância. A desmistificação de cursos a distância como algo de segunda categoria pode fazer este mercado dar um salto no market-share do ensino superior no Brasil. Mesmo que a situação econômica volte a melhorar, a ampliação deste mercado não cairá, pois EAD conquistará um novo status neste país.

Porém, o problema surge se houver percepção de queda de qualidade nesta migração. Então o conceito de que EAD é educação de segunda será reforçado, e o efeito será o inverso. A barreira cultural, já estimulada até por roteiros de seriados em que o personagem é um desacreditado profissional por ter feito curso de Direito a distância  (It’s better to call Saul, da Netflix), vai aumentar mais ainda, se cristalizando no inconsciente coletivo brasileiro.

Para as instituições que desejam promover cursos de qualidade, e não vender cursos a distância como quem anuncia ventiladores em promoção de verão, é uma oportunidade e tanto. Se há aumento de demanda, fica mais fácil completar turmas e viabilizar projetos pedagógicos mais eficientes e eficazes, propiciando efetivo aprendizado, retenção de alunos e estabelecimento de marca de forma positiva no mercado. É uma oportunidade de se firmar no mercado como instituição de ensino superior com ensino minimamente decente. Aproveitar essa oportunidade ou lucrar como nunca e desperdiça-la, é uma opção para cada instituição escolher.

 

 

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